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"... desçamos nesse vale,

Manso asilo de sombras e mistério..."

Bernardo Guimarães

 

A arquitetura em todos os períodos sempre foi instigante para a sua época. Desde o seu início teve ambições grandiosas e até sobrenaturais. É isso que me encanta e me atrai e é o que me leva a quase uma experiência de uma viagem no tempo. Mais do que isto, uma experiência da minha alma com a alma do edifício onde todos os meus sentidos parecem interagir com os seus elementos.

Nesta viagem espiritual desembarco na arquitetura moderna da capital do Brasil, Brasília, que surge de lugar nenhum, no final dos anos 50, como um símbolo de uma Nova Era para o país.

Na minha interpretação fotográfica, observando os edifícios monumentos da capital, sinto que a obra de Oscar Niemeyer mergulhou num mundo subjetivo, num mundo quase alienígena, que causa espanto. Causar espanto era o objetivo principal do arquiteto.

Suas formas arquitetônicas são tão surpreendentes, belas e alienígenas que quase não se conectam com o ambiente do cerrado com suas pequenas árvores de troncos tortuosos e recurvados e plantas secas e enfezadas. Mas, ao mesmo tempo, quase que procurando se identificar com este ambiente, os edifícios monumentos de Brasília são áridos, imensos e distantes.

Num devaneio fotográfico eu peço licença ao arquiteto Oscar Niemeyer para expressar por meio da fotografia a minha percepção da grande nave mãe chamada Brasília que pousou no campo cerrado do Brasil, onde parece não ter gente, nem mercado, nem flores e nem rio. Ali, centralizou-se o poder de onde tudo se controla.

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